É
oficial: Axl Rose e Slash vão se apresentar juntos como o Guns N’ Roses pela
primeira vez desde 1993.
A banda
de rock será uma das headliners do festival Coachella, que será
realizado em abril na Califórnia – no entanto, ainda não está claro se Steven
Adler, Izzy Stradlin e Duff McKagan, os outros integrantes originais, se
juntarão à dupla no palco.
Um dos
grupos mais venerados do rock, eles eram crus, feios e caóticos. Mas também
tinham um lado sensível, que pode ser ouvido, por exemplo, em seu primeiro
grande sucesso, Sweet Child O’Mine, escrita para a então namorada de Axl
Rose, Erin Everly, que mais tarde se tornaria sua mulher.
Rose tem
sido o único integrante constante na complicada trajetória da banda, marcada
por abuso de drogas, brigas internas e acusações de homofobia e misoginia.
Confira
os momentos mais importantes da história do Guns N’ Roses:
Formação
William
Bruce Rose nasceu em 6 de fevereiro de 1962 na cidade americana de Lafayette,
no Estado de Indiana. Após sofrer abusos físicos e sexuais durante a infância,
foi um garoto isolado na escola e encontrou refúgio cantando em um coro de
igreja.
Ele se
mudou para Los Angeles, na Califórnia, aos 17 anos, mudou seu nome para Axl
Rose (um anagrama, em inglês, para “sexo oral”) e formou uma banda com o amigo
de colégio Izzy Stradlin.
A banda
mudou de nome várias vezes – Rose, Hollywood Rose e LA Guns – antes de
finalizar sua formação com Slash (o guitarrista inglês Saul Hudson), Duff
McKagan (baixista) e Steven Adler (baterista).
Eles
estrearam nos palcos no Troubadour, legendária casa de rock de Los Angeles, em
um show anunciado como "A surra de rock 'n' roll na qual ninguém é
esmagado". Nele, apresentaram um som que era meio metal, meio punk.
Após uma
turnê desastrosa em 1985 (o grupo chegou a ter de pedir carona até Seattle após
sua van quebrar), a banda se reanimou com o lançamento independente do EP
Live ?!*@ Like a Suicide, que levou ao contrato com a gravadora Geffen
Records.
Em 1992,
Axl Rose e sua trupe viviam o auge – mas já enfrentavam sérios problemas...
Sucesso
O
primeiro álbum do Guns N' Roses, Appetite For Destruction (1987), é até
hoje o disco de estreia mais vendido da história, com mais de 30 milhões de
cópias (18 milhões delas nos Estados Unidos). E olha que o debut foi tímido,
apenas um 182º lugar nas paradas.
Como a
agitada turnê da banda atrasou o trabalho sucessor, o EP anterior acabou
engordado com quatro faixas acústicas e relançado sob o título GN'R Lies.
Axl Rose
virou alvo de controvérsia por causa da última faixa, One in a Million,
que inclui palavras de cunho racial e homofóbico. O encarte do álbum antecipou
uma resposta para a futura polêmica, com o vocalista afirmando que a canção era
"muito simples e extremamente genérica".
A banda,
porém, acabou publicamente criticada pelo apresentador de talk show Arsenio
Hall e por Tipper Gore, ativista de direitos humanos e então mulher de Al Gore,
que seria vice-presidente dos EUA entre 1993 e 2001.
O (mau)
comportamento do Guns N' Roses continuou a render manchetes. Exemplos: Stradlin
foi acusado de urinar em público dentro de um avião e Slash despejou palavrões
em plena TV ao vivo durante a premiação American Music Awards.
Enquanto
isso, a banda descumpria vários prazos para concluir seu próximo álbum. O
gigantesco disco duplo Use Your Illusion I & II acabou lançado sendo
apenas no fim de 1991.
O
trabalho chegou ao topo das paradas, mas a banda parecia ter sucumbido aos
excessos que pretendia destruir ao apresentar canções inchadas, cheias de solos
de guitarra exagerados – isso sem mencionar o vídeo de nove minutos feito para
o hit November Rain.
Instado a
explicar o enredo do clipe no ano passado, Slash disse: "Quer saber? Vou
te dizer: eu não faço ideia".
Dissolução
Por anos,
o Guns N' Roses fez de seu hedonismo um princípio. Rachaduras, no entanto,
começaram a aparecer em um show televisionado – que, aliás, acabou sendo a
última aparição do baterista Steven Adler com a banda.
O grupo
apareceu para o show beneficente Farm Aid, em abril de 1990, após longos seis
meses longe dos palcos. Na época, o vício de Adler em heroína e cocaína estava
saindo de controle.
Ele havia
enfrentado dificuldades para tocar durante a gravação do disco Use Your
Illusion, e os problemas persistiram ao vivo. Assim que eles iniciaram a
segunda música do show, Civil War, Duff McKagan teve de bater palmas
para mostrar ao baterista o tempo certo da canção.
Adler
alegou sabotagem – afirmou que nunca havia ensaiado essa faixa com a banda.
"Acredito
que a estratégia deles era fazer com que meu som soasse assim", argumentou
ele em sua autobiografia. "Ao me estigmatizar como debilitado, péssimo
baterista, eles se armaram com uma boa razão para me dispensar."
Slash não
fez questão de ser sensível: "Nós não estávamos preocupados com a saúde do
Steven tanto quanto estávamos irritados com o fato de que seu vício estava
atrapalhando sua performance e, consequentemente, a de todos nós".
Independentemente
da causa, o desastroso show resultou na expulsão de Adler da banda. Stradlin
saiu em 1991, ironicamente, após parar de usar drogas e passar a considerar o
comportamento do resto da banda intolerável.
"Uma
vez que eu larguei as drogas, não conseguia parar de olhar ao redor e me
questionar: 'Então isso é tudo?'", afirmou à revista Rolling Stone.
Ele foi
substituído pelo então guitarrista da banda Kills For Thrills, Gilby Clarke. A
banda cambaleava em plena turnê Use Your Illusion – Axl Rose apresentava
comportamento cada vez mais errático e de desrespeito aos momentos no palco, o
que levou a casos de violência e tumultos em vários shows.
Quando a
turnê finalmente parou, em 1993, a banda lançou um morno álbum de covers, The
Spaghetti Incident?, que soou banal e datado perto do Nevermind, do
Nirvana, que dois anos antes havia reescrito as regras do rock de forma tão
competente quanto o Appetite For Destruction havia feito em 1987.
Em meio
às discordâncias de Slash e Rose a respeito do direcionamento do quarto álbum,
o Guns N' Roses desmoronou em 1997 – McKagan foi o último a abandonar o barco.
"Eu
saí para jantar com o Axl e disse: Cheguei ao meu limite. Essa banda é uma
ditadura e não me vejo mais tocando nessas condições. Encontre outra
pessoa", disse ele em 1999 à revista de rock Kerrang!.
Anos improdutivos
Axl Rose
recrutou dezenas de músicos para perpetuar a marca Guns N' Roses – incluindo
Dave Navarro, Tommy Stinson, o ex-guitarrista do Nine Inch Nails Robin Fink e
seu amigo de infância Paul Huge.
Mas o
único novo material a emergir foi uma faixa de metal industrial chamada Oh
My God, que fez parte da trilha sonora do filme Fim dos Dias,
estrelado por Arnold Schwarzenegger em 1999.
Enquanto
isso, Slash e Stradlin alcançaram relativo sucesso em seus álbuns solo, e Adler
abandonou as drogas e escreveu um livro de memórias surpreendentemente franco.
McKagan, por sua vez, voltou para sua banda pré-Guns N' Roses, a 10 Minute
Warning, antes de se matricular na Universidade de Seattle e se tornar um
especialista em finanças.
Em 2002,
Slash e McKagan se juntaram ao baterista Matt Sorum (o substituto de Adler) e
ao líder do Stone Temple Pilots, Scott Weiland, e formaram o
"supergrupo" Velvet Revolver, que lançou dois álbuns Top 10 e venceu
um Grammy.
Depois de
anos marcados pela reclusão, Rose ressurgiu em 2000 com uma nova formação do
Guns N' Roses, que incluía um guitarrista que usava um balde da rede de
fast-food KFC na cabeça. Não por acaso, atendia pelo apelido de
"Buckethead" (algo como "Cabeça de Balde", em tradução
livre).
Eles se
apresentaram ao redor do mundo enquanto Rose trabalhava lentamente em um novo
álbum, provisoriamente intitulado Chinese Democracy.
Chinese Democracy
Em 2005,
o New York Times publicou a reportagem "O álbum mais caro nunca
feito". O texto detalhava as cômicas tentativas da gravadora Geffen
Records em fazer com que Axl Rose concluísse o Chinese Democracy – que,
àquela altura, já havia custado US$ 13 milhões (R$ 52,6 milhões).
E esse
dinheiro não foi todo gasto com guitarras e equipamentos de gravação, assinalou
o jornalista Jeff Leeds. Em uma ocasião, "Buckethead anunciou que
trabalharia de forma mais confortável dentro de um galinheiro. Então, um foi
construído para ele dentro do estúdio, usando placas de madeira e arame".
Três anos
depois, o Chinese Democracy foi lançado.
A lista
de pessoas que participaram do álbum reflete sua longa gestação. Os créditos de
uma só música – There Was a Time, que emula um tema dos filmes de James
Bond – ocupa 33 linhas do encarte do CD. No total, seis pessoas tocaram
guitarra na faixa. Duas delas tiveram direito a solos.
Mesmo
após toda essa atribulação, a Rolling Stone chamou o trabalho de
"um grande, audacioso, perturbado e sem concessões álbum de
hard-rock", enquanto o jornal britânico The Telegraph o definiu
como "um álbum notável e revigorante".
Reunião
As
chances de uma reunião do grupo sempre pareceram remotas. "Pessoalmente,
eu considero (Slash) um câncer bem removido", afirmou Axl Rose em 2009.
Os
ex-colegas também não demonstravam qualquer consideração ao falar sobre o
vocalista. "Ele é um insano, é isso", afirmou Adler. "Eu juro
por Deus, ele é um maluco."
Mas rumores
de uma reaproximação vieram à tona no ano passado, quando Slash afirmou ao
programa de TV americano This Morning que "a tensão... se
dissipou".
"Não
temos mais todos aqueles problemas", ele acrescentou. "Não há tanta
controvérsia. É algo que é mais perpetuado pela mídia do que qualquer
coisa."
No Natal,
o Guns N' Roses teve uma espécie de prévia do reencontro por meio de uma
atualização oculta em seu site oficial: um vídeo com imagens de um show (mas
não da banda em si) era mostrado antes de algumas cenas do filme Star Wars:
O Despertar da Força.
A reunião
foi finalmente confirmada pelo megafestival americano Coachella, que anunciou o
Guns N' Roses como atração principal de sua próxima edição, em abril.
Os fãs
estão animados, mas cautelosos, uma vez que o excêntrico Axl Rose ainda pode
implodir o retorno. Ele já desistiu, por exemplo, de uma aparição na TV para
promover a ressurreição da banda.
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário